Ciência e Tecnologia

Um gene responsável pela morte de células cerebrais após um episódio de acidente vascular cerebral (AVC) foi descoberto por um grupo formado por cientistas holandeses e alemães. A descoberta será publicada em breve na revista PLoS Biology. O gene NOX4 produz peróxido de hidrogênio, uma molécula cáustica muito usada em uma solução aquosa conhecida popularmente como água oxigenada. Segundo o estudo, a inibição do NOX4 por uma droga experimental em camundongos que sofreram AVC reduziu drasticamente os danos ao cérebro e preservou funções, mesmo quando administrada horas após o episódio.

biodiversityA halicondrina B é um composto anticâncer de origem marinha. Para se obter 350 miligramas da substância no ambiente natural é preciso coletar 1 tonelada de esponjas da espécie Lissodendoryx, na qual a halicondrina é encontrada. Por conta disso, um trabalhado de bioprospecção mal planejado pode simplesmente provocar a extinção da espécie, o que já aconteceu localmente com esponjas em algumas regiões da costa europeia. O exemplo foi usado pelo professor Renato Crespo Pereira, da Universidade Federal Fluminense (UFF), para ilustrar a importância de se planejar a exploração sustentável da biodiversidade marinha.

Desta vez, o responsável não é o chimpanzé. Sabe-se que os chimpanzés são a fonte do HIV-1, principal causa da Aids, e se suspeitava que também fossem o reservatório de origem do Plasmodium falciparum, parasita que causa a forma mais severa de malária. Mas um novo estudo indica outro primata. No caso da malária, quem deu origem a essa forma de malária humana é o gorila. A conclusão está em um artigo publicado como destaque de capa na edição desta quinta-feira (23/9) da revista Nature. Weimin Liu, da Universidade do Alabama, nos Estados Unidos, e colegas de diversos países analisaram cerca de 3 mil amostras de fezes colhidas em diversos locais na África Central.

cern_logoCom sede em Genebra, na Suíça, o CERN (Centro Europeu de Pesquisas Nucleares) divulgou ontem (21/09) o resultado mais significativo obtido nos primeiros seis meses de funcionamento do LHC (Grande Colisor de Hádrons), o mais potente acelerador de partículas do mundo. Cientistas, entre eles, pesquisadores do Instituto de Física Teórica (IFT), câmpus da Barra Funda, conseguiram observar pela primeira vez o que acontece numa colisão de prótons em condições de elevada energia, mais precisamente 7 teraeletronvolts (TeV) ou 7 trilhões de eletrovolts.

Parafraseando o poeta William Blake (1757-1827), que falava em ver o mundo em um grão de areia, dá para dizer que um trio de físicos brasileiros acaba de enxergar o Universo em um copo de leite. Para além dessa metáfora, pesquisadores da Unesp  e do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) demonstraram ser possível estudar fenômenos ocorridos na superfície de um buraco negro por meio da observação de microvibrações em líquidos.

John-MattickO trabalho do cientista australiano John Mattick tem contribuído para derrubar paradigmas tradicionais da genética. Segundo o professor da Universidade de Queensland, em Brisbane, a programação genética dos organismos multicelulares foi essencialmente mal compreendida durante os últimos 50 anos. O equívoco, conta, residia no pressuposto de que a maior parte da informação era codificada em proteínas por meio do RNA, cujo papel seria reduzido à transcrição desses dados.

“A biologia é milenar. O homem já fazia biotecnologia quando começou a produzir vinho, por exemplo”, disse Carlos Bloch Jr., pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, durante o Workshop sobre Biodiversidade Marinha, realizado este mês na FAPESP. O pesquisador apresentou no evento técnicas de prospecção de moléculas, com destaque para a espectrometria de massa para análise e síntese de peptídeos. A pesquisa coordenada por ele pode servir de base na produção de alimentos que sejam mais bem assimilados, além de possibilitar o desenvolvimento de embalagens com propriedades anticongelantes e antimicrobianas.

Na hora de realizar tarefas complexas, há algo a mais de que o cérebro precisa: ritmo. Segundo estudo feito na Universidade da Califórnia em Berkeley, nos Estados Unidos, ritmos corticais fazem com que grupos de neurônios espalhados por diversas regiões do cérebro sejam convocados para realizar uma atividade coordenada, como se fossem um regente conduzindo as várias seções de uma orquestra. O estudo será publicado esta semana no site e sairá em breve na edição impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

Três estudos independentes publicados neste domingo (19/9), na revista Nature Genetics, destacam a descoberta de variantes genéticas associadas a cânceres de mama e de ovário. Sabe-se que tanto o câncer de mama como o de ovário têm fatores de risco em comum e os novos estudos identificaram que os dois tipos de tumores também compartilham uma mesma região genética de suscetibilidade ao desenvolvimento de tumores. Simon Gayther, da University College London, no Reino Unido, e colegas realizaram um estudo de associação genômica ampla para o câncer de ovário. Foram reunidos 10.283 casos dos quatro principais subtipos histológicos e os cientistas identificaram duas novas regiões genômicas associadas com a doença.

Um estudo publicado na edição desta sexta-feira (17/9) da revista Science, realizado na Amazônia, acaba de elucidar uma série de mecanismos de interação entre a floresta e o clima da região Amazônica, por meio da emissão de partículas de aerossóis – partículas sólidas ou líquidas suspensas na atmosfera. Coordenado por Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo e membro da coordenação do Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais, o trabalho teve a participação de pesquisadores da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, do Instituto Max Planck da Alemanha, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e de outras instituições.

O Brasil tem conseguido controlar há mais de uma década a raiva urbana, que é transmitida principalmente pelo contato com cães. Mas, apesar de controlada, variantes do vírus continuam circulando por meio de animais silvestres, particularmente uma transmitida por morcegos que se alimentam de sangue (hematófagos). Pesquisadores brasileiros deram um passo importante no estudo do problema ao concluir o sequenciamento completo do genoma dessa variante mantida pela espécie Desmodus rotundus.