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O Senado Federal debateu nesta segunda-feira, 19 de setembro, os dez anos de implantação de sistemas de cotas raciais no ensino superior, que começou em 2001, voltada para as universidades estaduais do Rio de Janeiro. Segundo levantamento da ONG Educafro, 110 mil negros foram beneficiados pelos sistemas de cotas e tiveram acesso a universidades públicas do país nesses anos. Para os participantes do debate, as ações afirmativas mostraram-se bem-sucedidas ao promover a inclusão significativa da população negra no ensino superior público.
O reitor da Universidade de Brasília, José Geraldo de Sousa Junior, fez parte da mesa de discussão.

A UnB foi a primeira universidade federal a implantar o sistema e recebeu homenagens pelo pioneirismo durante o debate. Para o reitor, a UnB tem o mérito de ter construído a própria política, que garante 20% das vagas para estudantes negros desde 2004. "Não dependeu de determinação externa, nem de leis. Foi uma criação da própria comunidade", ressaltou. "A UnB já possui 5.396 alunos negros que ingressaram no vestibular por meio do sistema de cotas e o que se verifica é que a diferença entre as notas dos estudantes cotistas e não-cotistas é percentualmente insignificante". José Geraldo ressaltou ainda que a evasão entre os cotistas é menor. "A universidade ficou mais colorida depois que adotou o sistema".  

O reitor destacou a identidade étnica da Universidade de Brasília, que acredita “ser mais fiel ao o recorte social amplo”. “Do ponto de vista cultural, a UnB ganhou relevância temática nas discussões e nos temas que circulam no ambiente acadêmico”, pontuou. “Nós, com isso, realizamos uma projeção de presença na sociedade de um contingente que contribui pra o desenvolvimento e que, antes, estava excluído dessa participação”.

Estavam presentes também os senadores Paulo Paim (PT-RS), Marinor Brito (PSOL-PA) e Paulo Davim (PV-RN), o diretor-executivo da Educafro, Davi Santos, a secretária de Políticas Afirmativas da Presidência da República, Anhamona Silva de Brito, a diretora de Gestão Acadêmica da Universidade do Estado do Mato Grosso (Unemat), Elisângela Moreira da Costa, o secretário de Ensino Superior do Ministério da Educação, Luiz Cláudio Costa.

Luiz Cláudio Costa manifestou apoio às ações afirmativas e demonstrou a preocupação do MEC em manter esses estudantes nas universidades, com a destinação de R$ 505 milhões por ano para políticas de assistência estudantil. Segundo o secretário, o ensino superior do Brasil forma atualmente um milhão de pessoas por ano, 700 mil a mais do que em 2002, quando a marca era de 300 mil formados.

A diretora de Gestão Acadêmica da Unemat, Elisângela Patrícia Moreira da Costa, afirmou que a instituição já nasceu "com a marca da inclusão", porque surgiu em 1978, no interior do estado, como Instituto de Ensino Superior de Cáceres. Virou universidade em 1993 e adotou o sistema de cotas a partir de 2004. Segundo a diretora, a universidade acompanha o desenvolvimento dos cotistas desde a inscrição no vestibular até a formatura.

Quando a mesa abriu o debate para o público, a militante do movimento negro Solange Aparecida Ferreira de Campos, a primeira brasileira beneficiada com bolsa do Prouni, relatou a experiência dela com as cotas. Solange entrou para o curso de Gastronomia na Universidade Anhembi Morumbi, uma instituição privada, quando já tinha 45 anos, e formou-se em 2008. Na opinião dela, é obrigação dos governantes brasileiros apoiar o acesso à educação da população negra. "Nossos ancestrais negros deram o sangue por esse país", afirmou. "Se tivemos força para levar chibatadas nas costas, também temos força, competência e capacidade para ocupar qualquer cargo e exercer qualquer atividade e trabalho".

Com informações da Agência Senado.

UnB Agência