“A exposição tem ao mesmo tempo um significado ritualístico e acadêmico, porque é a forma como celebram o autoconhecimento e mostram aos outros grupos o que são”, explica Teresa Fossari, diretora do Museu Universitário.
Às 16 horas, logo após a Aula Magna, o Museu Universitário, ligado à Secretaria de Cultura e Arte da UFSC, e o Centro de Filosofia e Ciências Humanas promovem uma solenidade de abertura de exposição. Seguindo os protocolos éticos nas relações entre culturas brancas e autóctones, a cerimônia inicia com a doação pelos representantes indígenas dos objetos em exposição ao acervo ao Museu Universitário. O Museu, por sua vez, apresentará imagens desse acervo no local, já que os objetos não podem ser deslocados do ambiente climatizado em que se encontram para espaços sem controle de temperatura e umidade. A exposição ficará aberta ao público do dia 12 a 27 de maio 2011, de segunda a sexta de 8 às 12 horas e das 14 às 20 horas.
O objetivo da mostra é apresentar à comunidade universitária e à comunidade em geral o modo de vida das etnias indígenas que habitam o território catarinense do ponto de vista desses representantes agora alunos de graduação na UFSC. Um grande diferencial da exposição é o fato de que a concepção e a curadoria serão compartilhadas pelos alunos do curso, equipe do Museu Universitário e a colaboração de outros profissionais e alunos da UFSC. A antropóloga Maria Dorothea Darella, uma das coordenadoras do curso, destaca que durante a primeira etapa concentrada a idéia da exposição foi recebida com entusiasmo pelos alunos e preparada como uma uma forma de “expor seus objetos e também se exporem”.
Sob a coordenação da professora Ana Lúcia Vulfe Nötzold, do curso de História do CFH, o novo Curso de Graduação “Licenciatura Intercultural do Sul da Mata Atlântica” é direcionado aos grupos indígenas Kaingang, Xokleng e Guaraní. Com o apoio da Coordenação Interinstitucional para Educação Superior Indígena (CIESI) em seu planejamento, durará quatro anos, totalizando 3.348 horas. Um total de 252 horas são destinadas a atividades acadêmico-científico-culturais, como palestras, debates, viagens de pesquisa, visitas a museus, a sítios arqueológicos, além de outras programações.
A primeira etapa concentrada ocorreu nas duas primeiras semanas de fevereiro e a segunda ocorrerá em meados de maio, quando se deslocam para a UFSC de distintas regiões do país, desde o Rio Grande do Sul até o Espírito Santo. Dentro da pedagogia da alternância e da filosofia da educação de jovens e adultos, eles passam um tempo intercalado entre as aulas aplicando os conhecimentos nas aldeias antes de regressarem aos bancos universitários.
Na primeira etapa, os indígenas realizaram como atividade acadêmico-científico-cultural visitas à Reserva Técnica do Museu Universitário, quando puderam conhecer a produção artefatual dos distintos grupos étnicos implicados no Curso. Durante a visitação, os alunos conheceram objetos conservados de suas distintas etnias, muitos não mais produzidos nas comunidades.
Assessoria de Comunicação SeCArte/UFSC (com informações do Museu Universitário)