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Biota-FAPESP O Programa Biota-FAPESP está seguindo o caminho certo para se internacionalizar, ao mesmo tempo intensificando a colaboração científica com pesquisadores de outros países e transformando em referência mundial seu modelo de atuação em rede. A avaliação foi feita pelo cientista sul-africano Brian Huntley, um dos principais responsáveis pela estruturação do Instituto Nacional Sul-Africano de Biodiversidade (Sanbi, na sigla em inglês), criado em 2004.
Huntley apresentou nesta quinta-feira (8/4), na sede da FAPESP, em São Paulo, uma palestra sobre o planejamento, implantação e coordenação do Sanbi, cuja história remonta às origens do Jardim Botânico de Kirstenbosch, na Cidade do Cabo, fundado em 1913 e dirigido por Huntley entre 1990 e 2007.

Em 1989, os Jardins Botânicos Nacionais da África do Sul e o Instituto de Pesquisa Botânica do país foram fundidos, formando o Instituto Nacional Botânico (NBI, na sigla em inglês), com direção sediada no jardim de Kirstenbosch.

Em 2004, o NBI deu origem ao Sanbi, expandindo seu foco não apenas para a flora, mas para toda a biodiversidade do país. Huntley foi o primeiro diretor-executivo do instituto que atualmente se destaca pela participação em projetos internacionais envolvendo outros países africanos.

“O Biota-FAPESP, como uma rede virtual, conta com um modelo muito eficiente que pode ser seguido por outros países. Por outro lado, o programa tem o principal pré-requisito para que as colaborações internacionais sejam bem-sucedidas: estabelecer contatos diretos entre cientistas e entre instituições”, disse Huntley à Agência FAPESP.

O sul-africano enfatizou que incentivar os contatos pessoais entre os cientistas e as parcerias diretas entre institutos de pesquisa e universidades são as maneiras mais eficientes para impulsionar as colaborações internacionais. “Não podemos esperar que os contatos sejam feitos entre governos, porque isso demora muito tempo e envolve questões políticas”, afirmou.

O modelo de atuação do Biota-FAPESP tem precedentes auspiciosos, segundo Huntley: os Programas Científicos Colaborativos (SCP, na sigla em inglês), dirigidos por ele nas décadas de 1970 e 1980.

“Tínhamos um modelo semelhante ao do Biota-FAPESP, com mais de 200 pesquisadores envolvidos. O CSP reunia universidades, agentes do estado, ONGs e até o setor privado, que juntou esforços para estudar problemas ambientais como a desertificação, extinção de espécies, poluição marinha e conservação da biodiversidade”, disse.

Em 1990, o CSP cessou as atividades como rede colaborativa virtual e se institucionalizou, consolidando a formação do NBI. “Esse modelo de colaboração resultou no atual Sanbi. A rede informal ainda funciona, com apoio financeiro do governo, por meio de uma agência de fomento. O Biota-FAPESP poderá seguir o mesmo caminho em relação às cooperações internacionais que estabelecemos nesse processo”, apontou.

Entre as colaborações internacionais do Sanbi, a maior foi a Rede de Diversidade Botânica da África Meridional (Sabonet, na sigla em inglês), que atuou entre 1996 e 2005, envolvendo dez países em uma área de extensão equivalente ao território brasileiro.

“Esse projeto treinou grupos de 32 instituições e produziu relatórios e publicações sobre uma ampla gama de temas do interesse de jardins botânicos de todo o mundo”, afirmou.

O Sanbi também liderou projetos como a Africa Plants Initiative (API), o Southern Africa Brid Atlas, o Angola Sanbi Expedition, o Climate Change Modeling e uma série de inventários de biodiversidade na região.

Prioridades do Biota

Durante o evento, o coordenador do Biota-FAPESP, Carlos Alfredo Joly, destacou que uma das prioridades estabelecidas para os próximos dez anos do programa é a internacionalização.

“Nos primeiros dez anos, tivemos pouca interação envolvendo pesquisadores de diferentes países trabalhando em conjunto. Agora, estamos investindo nessa área e queremos aproveitar melhor, nesse sentido, a ampla gama de parcerias internacionais que já foram estabelecidas pela FAPESP”, disse.

A internacionalização, segundo Joly, também implica a presença maior nas discussões internacionais sobre biodiversidade. “Temos participado de eventos internacionais, como a conferência Diversitas, em outubro de 2009, na África do Sul. Por outro lado, promovemos eventos como esse sobre o Sanbi – que tem uma experiência exemplar de cooperação internacional com outros países da África”, afirmou.

Segundo Joly, no próximo dia 22 de maio – Dia Internacional da Biodiversidade – será realizado, no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, um evento com a presença do cientista Thomas Lovejoy que se enquadra nas estratégias de internacionalização do programa. As principais contribuições do Biota-FAPESP estarão em pauta.

Joly acrescentou que, de acordo com o Plano de Metas Estratégias para 2020 do Biota-FAPESP, divulgado em dezembro de 2009, o programa não irá mais se limitar apenas ao Estado de São Paulo, mas deverá abranger todas as áreas, em 17 Estados, por onde se estendem os biomas encontrados em território paulista.

“Também investiremos em áreas que não foram muito contempladas nos últimos 10 anos, como a biologia marinha e a oceanografia. Estamos discutindo a aquisição de um navio oceanográfico. Atualmente, não temos um navio de pesquisa trabalhando na costa brasileira. Trata-se de um equipamento essencial não apenas para o Biota-FAPESP, mas também para aperfeiçoar modelos brasileiros de mudanças climáticas”, explicou Joly.

Mais informações sobre a palestra de Huntley: www.fapesp.br/materia/5613

Agência FAPESP