Convidada para uma série de palestras sobre educação superior na Universidade de Brasília, a especialista aproveita a visita à capital para buscar o intercâmbio de experiências entre as duas entidades “Temos que nos aproximar para trocar olhares críticos”, observou.
Alves explica que, desde o início do ano, o governo luso implanta um novo modelo de eleição para reitores das universidades públicas. “Antes a escolha era feita pelos servidores, professores e alunos. Agora, 40% da assembléia será formada por pessoas de fora, como empresários e políticos”, detalha. Para a especialista, o processo representa a morte da democracia na Universidade. “A comunidade acadêmica deixa de escolher o seu representante, que passa ter espaço para formar uma cúpula que centraliza as decisões”, completou a educadora, especialista em sociologia do ensino superior.
Apesar de não conhecer meandros do processo de mudança pelo qual a UnB passa desde o ano passado - com a crise que levou à ocupação da Reitoria e à renúncia da gestão passada -, a professora cita a importância da participação estudantil no processo de democratização das universidades. “Aqui há um movimento ativo. Em Portugal, os alunos estão dormindo”, criticou. Responsável pelo Observatório Estudantil de Lisboa, ela ressalta o desinteresse dos alunos em debater a universidade. “Para eles não faz diferença. Nesse ponto temos muito o que aprender com o Brasil”, comentou Alves.
A experiência portuguesa com o observatório – que traça perfis dos estudantes desde o ingresso até a saída da universidade – agradou ao professor Carlos Benedito, do Departamento de Sociologia da UnB. Responsável por trazer a educadora européia para Brasília, ele ressalta a importância da coleta de dados entre alunos, professores e servidores para a atuação da administração superior. “Na UnB ainda temos pouco acesso aos dados coletados, que também são escassos. O observatório nos ajudaria a entender melhor problemas como o abandono de curso e as greves”, exemplificou.
Parceria - Benedito, que se comprometeu a levar o projeto do observatório ao Decanato de Ensino de Graduação, ressalta que há um projeto para ampliar a parceria entre a UnB e a Universidade de Lisboa inscrito em editais de incentivo à pesquisa nos dois países. “Nosso objetivo é comparar os dois modelos para tirar experiência que possam acrescentar um ao outro, como os modelos de expansão, pelo qual os dois países passam, e de gestão administrativa, tema polêmico nas duas instituições”, comentou ele. Natalia Alves também manifestou o desejo de trocar experiências. “Esperamos o resultado até outubro”, observou.
SERVIÇO
Palestra com Natalia Alves sobre sociologia da educação, quinta-feira, às 16h, no auditório do Departamento de Sociologia da UnB.
UnB Agência