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Os pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) Thales Rafael Machado e Elson Longo, estão desenvolvendo novos nanomateriais inorgânicos para futuras aplicações na restauração de materiais paleontológicos. O projeto integra o portfólio de pesquisa do Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF), um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) apoiados pela FAPESP, e conta também com o apoio da Coordenação para o Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e do Conselho Nacional para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
“Trata-se de um projeto internacional realizado em parceria com a Subdirección de Conservación, Restauración e Investigación IVC+R de CulturArts Generalitat, um organismo governamental da Comunidade Valenciana, Espanha, com atuação específica na restauração de patrimônio histórico e cultural, e pesquisadores do grupo de Química do Estado Sólido na Universitat Jaume I (UJI), Espanha”, explicou Longo à Assessoria de Comunicação do CDMF.

O estudo avalia a ação consolidante e protetora de diferentes nanopartículas inorgânicas atóxicas sintetizadas em laboratório, compostas por elementos não prejudiciais à saúde e ao meio ambiente. “A preparação das mesmas é realizada por rotas baratas e verdes, o que facilita o possível uso em larga escala”, comenta Machado.

No departamento científico do IVC+R, na Espanha, os nanomateriais sintetizados no laboratório do CDMF são aplicados sobre pequenos fragmentos de marfim procedente das presas de um mamute jovem encontrado no depósito de Can Guardiola no município de Viladecans, região metropolitana de Barcelona, Espanha, datado do período Pleistoceno da era Cenozoica, há cerca de 70 mil a 60 mil anos.

Testes também estão sendo realizados em fragmentos de ossos de mamíferos herbívoros encontrados no depósito de Cova del Llentiscle, município de Vilamarxant da província de Valência, Espanha. A cronologia deste depósito situa-se no período Pleistoceno Inferior ao Médio da era Cenozoica, ou seja, há cerca de 700 mil a 800 mil anos.

Os experimentos se baseiam em corroborar as variações das propriedades físico-químicas do substrato tratado quando em contato com as nanopartículas. Além disso, é feito um estudo comparativo em nível superficial referente a possíveis alterações de cor e textura do substrato, bem como a penetração e interação desse substrato com as nanopartículas.

O estudo também está centrado em comprovar como a eficácia dos tratamentos de consolidação pode ser modificada ao utilizar nanopartículas com distintos tamanhos, formas e composições.

“A possibilidade de introduzir no campo de conservação paleontológica novos produtos consolidantes à base de nanomateriais inorgânicos atóxicos se deve principalmente ao fato de que os tratamentos atuais de restauração de bens culturais se baseiam no critério de compatibilidade físico-química e mecânica entre o substrato e o material consolidante ou protetor a ser introduzido”, finaliza Machado.

Agência FAPESP