
Apesar de o clima não ter esquentado oficialmente, um caso autóctone da doença foi confirmado na última semana e há dez suspeitas. De acordo com o Prof. Dr. Juliano Corbi, do curso de Biologia do Centro Universitário de Araraquara – Uniara, o combate deve ser feito durante o ano todo, especialmente na cidade e região, que têm temperaturas elevadas na maior parte do tempo.
Segundo Corbi, estudos recentes mostram que no inverno os mosquitos continuam vivos e procuram ambientes com reserva de água para sobreviver. “As pessoas não podem bobear em casa e os órgãos ambientais têm que ficar de olho nas galerias pluviais e nas redes de esgoto”, diz.
No frio, a mortalidade das larvas é maior e o ciclo de vida aumenta para até 20 dias. Índices que não impedem o surgimento do Aedes. Cada fêmea coloca cerca de 500 ovos, os quais são resistentes à falta de água.
Assim que a temperatura sobe, rapidamente a mortalidade e o ciclo de vida diminuem. De um momento para o outro, aumenta o número de mosquitos. Portanto, o combate contínuo é fundamental. “Todo mundo é responsável, mas existem órgãos ambientais que foram feitos para fiscalizar e conscientizar as pessoas, pois elas acabam esquecendo”, salienta.
Com a chegada das chuvas o problema torna-se mais agravante. Mas não se pode colocar a culpa na chuva e no calor. De acordo com Corbi, cidades próximas têm o mesmo índice pluviométrico e também são quentes e tiveram menos casos de dengue. Trata-se de uma preocupação geral. Cada um tem que fazer a sua parte.
Por outro lado, ele ressalta a necessidade de se fazer um estudo mais aprofundado para conhecer as espécies de mosquito existentes em Araraquara. “Será que são iguais às dos outros municípios? A distância entre eles é grande, o que pode ter isolado os insetos araraquarenses.”
Além disso, seria interessante descobrir o padrão de emergência dos mosquitos adultos. Quanto tempo levam para emergir? Em qual mês aumentam? Qual o local o mais crítico? Será que as galerias pluviais e as redes de esgoto são fortes focos de dengue?
“Parece ser difícil, mas não é e nem precisa de muito dinheiro. Material para fazer a coleta de insetos é barato. Tem que fazer um projeto e planejar. Ao descobrir o padrão para o município, de um ano para o outro, fica muito mais fácil o controle. Com o conhecimento biológico, você gasta menos dinheiro com prevenção”, explica Corbi.