A obra faz um resumo de progressos recentes na química de celulose, destacando importantes desenvolvimentos e a questão da sustentabilidade. São descritas conquistas recentes, como métodos não convencionais para a síntese de derivados, a introdução de novos solventes e o uso de nanopartículas para aplicações específicas.
“O tema do livro tem importante impacto socioeconômico no mundo. As fibras naturais como o algodão serão sempre procuradas pelo consumidor, em particular em países quentes e relativamente úmidos devido às propriedades excelentes dessas fibras, como a absorção da umidade e do suor do corpo. Entretanto, por volta de 2030 o mundo enfrentará o que se tem chamado de ‘lacuna de celulose’ devido ao aumento da demanda de fibras com base em celulose não acompanhada pela produção de algodão. Não há terra disponível para cultivar o algodão, uma planta que precisa de muita irrigação”, disse El Seoud à Agência FAPESP.
Uma solução seria aumentar a produção de fibras naturais modificadas. El Seoud explica que na fabricação da viscose, por exemplo, usa-se celulose com base em madeira, que é transformada em líquido viscoso (xantato de celulose, de onde veio a palavra viscose).
El Seoud ressalta que, embora o Brasil seja um dos maiores produtores da celulose com base em madeira (a chamada “pasta de celulose”), o país deixou de fabricar viscose em 2013.
“Outro derivado de celulose em que a produção brasileira é muito inferior à demanda é o carboximetil celulose, usado nas indústrias farmacêutica, de alimentos, de petróleo, tintas e outras. Ou seja, a situação não é diferente de outros setores, produzimos matéria-prima (pasta de celulose), mas não derivados de alto valor agregado”, disse.
O livro também trata de outros derivados da celulose, de uso especial e alto custo, como em medicina, caso de membranas de hemodiálise ou de suportes para enzimas usadas em análises clínicas.
El Seoud conta que há alguns grupos de pesquisa trabalhando sobre o tema dos derivados de celulose no Brasil, como na USP, em São Paulo e em São Carlos.
O livro, em inglês, pode ser comprado em versão digital no site da editora, em www.springer.com/br/book/9783319731674.
Agência FAPESP