
As caveiras criadas pelo mexicano são associadas ao tradicional Dia dos Mortos, festa religiosa mexicana. Vestidas luxuosamente, em festas aristocráticas, andando a cavalo, e até mesmo de bicicleta, as caveiras recriam personagens históricos e literários, como Zapata e Don Quixote, e, em vez de pensar na morte pelo sentido religioso ou espiritual, fazem uma conexão com cotidiano dos vivos, seus defeitos, fraquezas e vícios.
Foi a grande demanda de trabalho que obrigou Posada, já renomado ilustrador e criador de vasto material de registro da cultura do México, a descobrir um método que imprimisse mais agilidade ao trabalho. Assim surgiu a zincografia, parecida com a litografia, mas que usa uma base de prancha em metal poroso, como zinco ou alumínio, materiais econômicos e manuseáveis.
O processo consiste em desenhar sobre uma lâmina de zinco, usando uma tinta especial, para depois aprofundar os talhos brancos com um banho de ácido, que transforma o desenho em clichê, pronto para ser impresso. A técnica permite a utilização de recursos como luz, sombra e meios tons, com a vantagem de que a matriz fica pronta para a impressão rapidamente. Depois de adotar a técnica, Posada viu sua obra se multiplicar vertiginosamente, chegando a 20 mil gravuras.
As criações de Posada incorporam o novo e moderno ao antigo, como as hojas volantes, ou folhas voadoras (precursoras dos jornais), que traziam acontecimentos políticos, assassinatos, desastres naturais, e fatos relevantes. Também investia nos corridos, os herdeiros do romance, muito usados para abordar a história do país.
Cronista lúcido das atribulações e esperanças do final do século XIX e início do século XX, momento do governo conservador de Don Porfírio Díaz até o início da Revolução Mexicana, o ilustrador é visto por muitos como um exemplo perfeito da idiossincrasia cultural do país. Figura central na Arte Mexicana, ainda hoje cultuado como um dos mais populares, ele foi considerado, por artistas como o pintor Diego Rivera, o pai da arte mexicana contemporânea. Também foi valorizado pelo compromisso artístico, pessoal e político com as classes desfavorecidas, que antes não tinham voz ativa.
Segundo o adido cultural da Embaixada do México no Brasil, Roberto de Leon, Posada revolucionou as manifestações artísticas por resgatar imagens da cultura popular, e também por esmiuçar a relação entre as diferentes classes sociais e a tensão existente entre povo e governo. “Foi um dos primeiros artistas a ter uma consciência social clara”, afirma. Outro mérito do ilustrador foi ter criado a identidade do povo mexicano com o Dia dos Mortos, forte tradição no país. “Ele clarificou a relação do mexicano com a morte”, destaca. entre zincografias e
José Guadalupe Posada
Nascido em Aguascalientes, no México, em 1852, ele aprendeu, ainda na infância, a fazer litografia e gravuras, na oficina de Trinidad Pedroso. Junto com o mestre, abriu uma gráfica, na cidade de Leon. Nesta fase, o artista fez trabalhos publicitários, ilustrou livros e imprimiu cartazes, retratos de personagens históricos e imagens religiosas.
Foi professor de litografia na Escola Preparatória até que uma enchente o expulsou da cidade. Instalado na Cidade do México, onde chegou como ilustrador de prestígio, e trabalhou na editora do escritor Irineo Paz. Posada fez desenhos e gravuras para diversas publicações, como La Pátria Ilustrada, Revista de México, El Ahuizote e Nuevo Siglo, além de criar caricaturas políticas que registravam os fatos extraordinários do México e a vida cotidiana dos bairros em que morou.
Em 1880, o artista se associou a Antônio Vanegas Arroyo e o filho Blas, donos de uma editora especializada em literatura barata para o povo. Ao lado deles, do poeta Constancio Suarez e do também ilustrador Manuel Manilla, outro nome consagrado da arte mexicana, eles inundaram o México com histórias nacionalistas e populares: contos, historietas, retratos, calendários, panfletos, e os jornais La Gaceta Callejera e Don Chepito. Diante da demanda crescente, Posada se viu obrigado a criar técnicas mais ágeis, capazes de competir com a fotogravura, que ameaçava seu trabalho. A partir daí, nasceu a zincogravura.
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