
A expedição, capitaneada, no hemisfério sul, pela Universidade do Vale do Itajaí (Univali), de Santa Catarina, inicia no dia 26 de outubro em Las Palmas, Gran Canária, na Espanha, encerrando no dia 2 de dezembro na Cidade do Cabo, África do Sul.
Nos cerca de 4,3 mil quilômetros de percurso da embarcação, dados físico-químicos, peixes, microorganismos e invertebrados associados ao fundo do mar serão amostrados em dez estações de coleta dispostas ao longo da cordilheira, em profundidades que variam de mil a três mil metros.
Na ocasião também serão registrados dados contínuos sobre os mamíferos marinhos como baleias e golfinhos habitantes das áreas oceânicas.
O projeto é uma continuidade de estudos realizados no Atlântico Norte e conta com a participação de cientistas de 16 instituições do Brasil, Uruguai, Argentina, Chile, África do Sul, Namíbia, Nova Zelândia e Noruega.
“Trata-se de uma iniciativa inédita para o Atlântico Sul e consiste no levantamento da biodiversidade e da distribuição de organismos dos ecossistemas profundos associados às estruturas geológicas da cadeia de montanhas meso-oceânicas”, diz José Angel Alvarez Perez, pesquisador do Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar (CTTMar/Univali), e coordenador do programa.
Essas cadeias de montanhas se estendem por 14 mil quilômetros, de norte a sul, e se elevam a dois mil metros de altura do assoalho oceânico no centro do Atlântico.
“Além de exercer forte influência nos padrões de circulação e na distribuição da vida marinha, esta cadeia de montanhas submersas constitui uma das feições mais proeminentes e menos conhecidas do fundo oceânico”, explica Angel.
Ele diz, ainda, que os objetivos da pesquisa levam em conta a necessidade de suprir a escassez de conhecimento da biodiversidade de águas profundas, ou seja, do que existe submerso no centro do Atlântico Sul:
“Este conhecimento é importante uma vez que as áreas costeiras são mais antigas e podem servir como fontes de espécies colonizadoras para os habitats recentemente formados pela separação das placas tectônicas que ocorrem continuamente nestas cadeias de montanhas”, relaciona o pesquisador.
Angel destaca que algumas estruturas geológicas associadas à cadeia central não existem no Atlântico Norte: “São cadeias de montanhas perpendiculares que ligam o centro do oceano até a costa, tanto no litoral brasileiro, no Rio Grande do Sul, como na costa da África, e que podem ter importante papel na dispersão da vida marinha profunda”, diz.
Outro ponto importante, segundo o pesquisador, é o fato do Atlântico Sul ser o último oceano a surgir na separação dos continentes conectando esse oceano a outros três já existentes: o Índico, o Antártico e o Pacífico. A pesquisa vai tentar apontar como essa conexão tem afetado a biodiversidade profunda do Atlântico e dos oceanos vizinhos.
Assessoria de Comunicação e Marketing Institucional
Univali