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Universidade Federal do ParáUniversidade Federal do Pará - Os estudantes e músicos com deficiência visual já podem usufruir de uma ferramenta adequada para a aprendizagem musical. Nesta quarta-feira (dia 2), o software Musibraille foi lançado, oficialmente, em Belém, com o objetivo principal de disponibilizar um programa em português que transcreva partituras para o sistema de escrita tátil (o Braille).
A oficina de capacitação destinada a ensinar o software vai durar três dias e é voltada, principalmente, aos profissionais de educação musical para trabalhar com os alunos cegos, por meio do software.

Financiado pelo Programa Petrobras Cultural 2006/2007, o Musibraille é um projeto da professora Dolores Tomé, da Escola de Música de Brasília, com o professor Antônio Borges, do Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A ideia do software surgiu devido à carência, no Brasil, de programas e de pessoas que trabalhem com a técnica da Musicografia Braille, que transcreve um texto musical de qualquer complexidade para a forma tátil, sendo facilmente assimilado pelos deficientes visuais.

A pró-reitora de Ensino de Graduação, Marlene Freitas, comentou a ferramenta e as suas potencialidades enquanto forma de inclusão. “Eu vejo isso como uma oportunidade de acesso que os deficientes passam a ter.” A pró-reitora disse, ainda, que a UFPA precisa abrir as portas para iniciativas como essa e espera que surjam mais em um futuro próximo, para que todos possam exercer plenamente a sua cidadania.

Para o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, José Antônio Borges, a utilização de tecnologia como ferramenta de inclusão é muito importante. “A tecnologia é fundamental, para que o aluno com deficiência possa transformar isso em eficiência.” Ele cita, ainda, que, para cada tipo de deficiência, existe uma solução tecnológica, como ferramentas que sejam controladas pela voz para pessoas com deficiências físicas, softwares que leem os textos escritos para cegos, entre outros.

Para Lourival Nascimento, diretor do Instituto Álvares de Azevedo, instituição que conta com mais de 350 alunos e realiza um trabalho de inclusão para cegos, o Musibraille vem para potencializar o uso da tecnologia em função de uma causa social. Ele conta que, por meio desse programa, os idealizadores tornaram possível o que antes não era: a leitura de partituras por cegos. Eleito em 2009, Lourival é o primeiro diretor cego da instituição.

A mesa de cerimônia contou com a presença da pró-reitora de ensino de graduação, Marlene Freitas; dos idealizadores do projeto, professora Dolores Tomé e professor Antônio Borges; da diretora da escola de Música da UFPA, professora Lúcia Uchôa; da coordenadora do Campus de Soure, Maria Luizete Sampaio; do diretor do Instituto Álvares de Azevedo, Lourival Nascimento; do representante da Secretaria Estadual de Educação, Adenilson Souza; e da ex-pró-reitora de Graduação Lúcia Couceiro.

Além de promover a capacitação do software por todo o Brasil e possibilitar a inclusão dos deficientes visuais no mercado, o projeto pretende manter em seu site  uma biblioteca virtual de músicas nacionais e internacionais preparadas para impressão em Braille. Na UFPA, o treinamento para usar a ferramenta acontece desde o dia 02 de setembro e vai até o dia 4. O software Musibraille é distribuído para os participantes durante a oficina e está disponível para download gratuito no site do projeto.

Braille – A escrita Braille, forma de escrita que revolucionou a vida dos cegos pelo muno todo, foi criada por Louis Braille, francês que, aos 5 anos de idade, perdeu a visão. Esse alfabeto é composto por 64 caracteres, que incluem letras, números e notas musicais. Esse ano marca justamente o bicentenário de nascimento de Louis Braille, mas, apesar disso, tudo não passou de uma coincidência, como explicou a professora Dolores Tomé.

Texto:  Igor de Souza e Yuri Rebêlo – Assessoria de Comunicação da UFPA