Submit to FacebookSubmit to Google PlusSubmit to TwitterSubmit to LinkedIn
vaccino h1n1O aumento de casos de contaminação pelo vírus da gripe Influenza A (H1N1), popularmente chamado de gripe suína ou aviária, em São Paulo e o crescimento do número de pessoas alcançadas pela infecção no Sul Fluminense levou a uma corrida dos moradores do Rio a clínicas de vacinação e a antecipação por parte da Secretaria Estadual de Saúde da campanha de imunização no estado, iniciada nesta segunda-feira, 25 de abril, para o chamado "grupo prioritário ou de risco" –
gestantes, idosos, doentes crônicos, crianças com idades entre 6 meses e 5 anos, mulheres com até 45 dias após o parto, indígenas e profissionais de saúde. Apesar do surto da doença no Sudeste e da rapidez com que a transmissão do vírus acontece, a virologista do Laboratório de Vírus Respiratório e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Maria de Lourdes Aguiar Oliveira, alerta que não há motivos para pânico.

“Sob a perspectiva epidemiológica, não se compara números absolutos e sim taxas. Segundo dados do Ministério da Saúde, até o presente momento, a taxa de mortalidade por H1N1 no Brasil corresponde a 0,12/100.000 habitantes. O quer dizer que a cada 100 mil pessoas, 0,12 morrem por Influenza, ou a cada 1 milhão, uma morre”, esclarece Maria de Lourdes.

Segundo o Ministério da Saúde, de 1º de janeiro deste ano até o dia 16 de abril, foram registrados 1.365 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave por Influenza A (H1N1) em todo o Brasil, sendo 230 óbitos. O Sudeste é a região com o maior número de casos de contaminação pelo vírus, 976 ao todo. Desses, 883 foram identificados só no estado de São Paulo. No Rio de Janeiro, de acordo com a Subsecretaria de Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual de Saúde, foram notificados 48 casos de contaminação por H1N1 até segunda-feira, 25 de abril, sendo 17 óbitos.

Para a pesquisadora da Fiocruz, a atividade do vírus Influenza, isto é, o número de casos, pode variar ano a ano, mas a boa notícia é que desde 2009 o H1N1 continua estável. Isto é, sem modificações genéticas importantes que justificassem mudanças na vacina ou na conduta por parte dos órgãos de vigilância em saúde. Segundo Maria de Lourdes, assim como o H1N1, o H3N2 – um subtipo do vírus da gripe que tem como característica a rápida mutação – e o Influenza B têm importância clinico-epidemiológica e podem ocasionar casos graves e óbitos.

“É preciso frisar que o aumento no número de casos de gripe no País está relacionada a uma maior atividade dos vírus em 2016. Além disso, a implementação da vigilância por parte das secretarias de saúde nos últimos anos também contribui para aumentar a identificação de casos suspeitos, inclusive os casos graves", avalia a pesquisadora.

A vacina da gripe, que já vem sendo administrada nos postos da rede pública de Saúde para as pessoas do grupo de risco, imuniza contra os três subtipos de vírus da gripe que mais circulam no inverno: o A/H1N1,o  A/H3N2 e o Influenza B. A partir deste sábado, 30 de abril, terá início a Campanha Nacional de Vacinação, conforme o calendário do Ministério da Saúde. A pesquisadora da Fiocruz explica que estes três tipos principais de Influenza (A e B) cocirculam globalmente. A cada ano, eles são monitorados a fim de se identificar mudanças genéticas. Esses estudos orientam a composição da vacina, que age de forma mais eficaz na neutralização do vírus. Por isso, a vacinação anual é tão importante, sobretudo para os grupos de risco.

O último Informe Epidemiológico do Ministério da Saúde aponta que dos 250 indivíduos que morreram vítima da Influenza no Brasil este ano – no período de 1º de janeiro a 16 de abril –, 180 (72%) apresentaram pelo menos um fator de risco para complicação. O destaque fica com os adultos com idade igual ou superior a 60 anos, os cardiopatas, os com pneumopatias e os que apresentavam diabetes. “É sempre bom esclarecer que o objetivo principal da vacina não é impedir a infecção e sim reduzir a gravidade da doença. E, por isso, o foco está nos grupos de risco”, dado que essas pessoas encontram-se sob maior risco de evolução para quadros graves e óbito pela infecção por influenza, alerta a virologista.

Entre os anos de 2009, quando o H1N1 entrou no Brasil, a 2012, a pesquisadora da Fiocruz analisou o perfil epidemiológico e molecular das infecções pelo vírus de um dos indivíduos que compõem o grupo de risco: as gestantes. Por meio do Auxílio à Pesquisa (APQ 1) da FAPERJ, Maria de Lourdes estudou de que forma o Influenza A aumentava o risco de óbito em mulheres grávidas do município do Rio. Segundo dados globais obtidos durante a pandemia de 2009, as gestantes constituíram 6,3% das hospitalizações, 5,9% das admissões em Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) e 5,7% dos óbitos.

“A pandemia em 2009 nos trouxe dados importantíssimos. Percebemos que, apesar do grande impacto da doença no País, o número de óbitos entre gestantes não foi superior aos das mulheres em idade reprodutiva. No entanto, entre gestantes, a infecção por Influenza A foi identificada como um fator de risco para a evolução para o óbito”, diz a especialista.

A pesquisadora explica que nas gestantes as mudanças fisiológicas no organismo das mulheres, por causa do bebê, as deixam mais suscetíveis a infecção primária por Influenza e/ou secundária por streptococcus, a bactéria que provoca pneumonia. “O que se observou é que as gestantes que evoluíram para óbito eram de estratos sociais mais baixos. Um indício de que a falta de informação contribuiu para a demora pela busca de atendimento. Ou que o atendimento prestado a elas na Rede Pública de Saúde foi mais lento do que o recomendado", afirma Maria de Lourdes.

Segundo a pesquisadora, a administração do medicamento Fosfato de Oseltamivir até 48 horas do inicio dos sintomas nas pessoas infectadas é capaz de reduzir os índices de mortalidade. “O quadro clínico de infecção por Influenza é debilitante, contudo evolui para a cura em média de 5 a 7 dias. Mas, se durante esse período a gestante começa a ter dificuldades respiratórias, é urgente que a paciente procure um serviço de Saúde e seja administrado o Oseltamivir, reduzindo-se, assim, a evolução para o quadro mais grave e o óbito”, esclarece.

Em resposta aos mitos que circulam, especialmente na Internet, sobre a vacinação de gestantes contra a gripe e o risco aos bebês, a virologista da Fiocruz esclarece que além da proteção materna, a transferência passiva de anticorpos maternos confere proteção ao recém-nascido, reduzindo a hospitalização em cerca de 90%. Estudos sobre a vacinação de gestantes no terceiro trimestre demonstraram também uma redução da ordem de 29% e 36% na incidência de doenças respiratórias e febre nas mães e bebês nos primeiros seis meses de vida, respectivamente.

Cuidados essenciais
A contaminação por H1N1 acontece da mesma forma que a de uma gripe comum. Isto é, com a transmissão principal de pessoa a pessoa por meio do ar ou do contato com secreções do doente. Por esse motivo, Maria de Lourdes Aguiar orienta que a população redobre a atenção com a higiene das mãos e tampe a boca e o nariz com um lenço de papel descartável ao tossir e ao espirrar. Manter os ambientes sempre ventilados também ajuda a evitar a concentração de partículas virais no ambiente minimizando, assim, os riscos de transmissão da doença. Evitar aglomerações também é outra recomendação.

UniRio entra na campanha de vacinação
A Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), por meio da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto, participará da campanha de vacinação contra a gripe. A iniciativa é uma parceria do programa Fábrica de Cuidados da universidade e a Secretaria Municipal de Saúde. A partir do dia 2 de maio, a instituição estará vacinando pessoas acima de 60 anos, gestantes, mulheres que tenham dado à luz há até 45 dias, profissionais de saúde, pessoas que tenham contato direto com idosos e portadores de comorbidades – por exemplo, associação entre diabetes e hipertensão arterial. O atendimento acontecerá até o dia 20 de maio, das 9h às 17h, no subsolo da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto, na Rua Xavier Sigaud, 290, Urca. Outras informações pelo telefone (21) 2542-6121.