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A FAPERJ anunciou na manhã desta quinta-feira, 4 de fevereiro, no auditório da Academia Brasileira de Ciências (ABC), a criação e o apoio a seis redes de pesquisa voltadas para o desenvolvimento de estudos sobre zika, chikungunya e dengue. Com recursos de até R$ 12 milhões, a serem disponibilizados em dois anos, o programa Pesquisa em Zika, Chikungunya e Dengue no Estado do Rio de Janeiro – 2015 vai mobilizar 379 pesquisadores de importantes centros de ciência e tecnologia sediados em território fluminense.
O programa vai priorizar pesquisas que busquem trazer respostas emergenciais sobre as doenças. Entre elas, o diagnóstico sorológico precoce do zika vírus; ações mais eficientes de controle do vetor, o mosquito Aedes aegypti; além da criação de métodos terapêuticos, como a imunização passiva e a possibilidade de vacina; e estudos que comprovem, cientificamente, os efeitos ao sistema neurológico associados ao zika vírus, como a microcefalia e a síndrome de Guillain-Barré.    

"Esse edital representa a quebra de alguns paradigmas para atender a uma necessidade emergencial do País. Refiro-me não só à rapidez com que ele foi implementado e divulgado, mas ao princípio que o norteia: o incentivo à formação de redes de pesquisadores", afirmou o presidente da FAPERJ, Augusto C. Raupp. "O trabalho conjunto entre várias universidades, que operarão para resolver ou mitigar os problemas causados por um mesmo vetor, o mosquito Aedes aegypti, vai permitir que tenhamos resultados rápidos, que poderão vir, até mesmo, antes do prazo final do edital, que é de dois anos", acrescentou.

Diretor científico da Fundação, Jerson Lima Silva lembrou que a FAPERJ vem se dedicando, nos últimos oito anos, ao fomento a pesquisas sobre doenças negligenciadas, como a dengue. Os investimentos realizados no período somaram R$ 36 milhões. "O Brasil responde por 7,5% da pesquisa em dengue no mundo; e o estado do Rio tem uma contribuição de 33% na pesquisa do País. Temos aqui instituições científicas importantes, como as universidades públicas e o Instituto Oswaldo Cruz (IOC), que já vinham desenvolvendo projetos sobre o vírus da dengue, que é da mesma família do zika e do chikungunya", disse Lima.

Subsecretário de Educação Profissional e Ensino Superior da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), Tande Vieira, representou o Secretário Gustavo Tutuca na solenidade. "O setor de Ciência, Tecnologia e Inovação não é uma ilha, isolada dos atuais problemas econômicos enfrentados pelo País. Mas este edital pode gerar benefícios enormes para o estado. Nessa rede que envolve quase 400 pesquisadores serão destinados milhões, mas que poderão ser compensados por uma economia de bilhões a longo prazo, em tratamento das doenças".

Diante da situação emergencial em que se transformou a epidemia do zika vírus, a diretoria da FAPERJ tomou a decisão de estimular a formação de redes de pesquisas como forma pragmática de mitigar a expansão dos casos da doença no País. Segundo Jerson Lima, parte das pesquisas contempladas pelo edital já estavam em andamento e, agora, por meio do programa, ganharão um novo direcionamento, mais focado na busca de resultados objetivos e respostas urgentes.

"Esta é uma rede em montagem, com projetos que já existiam platonicamente. E que, agora, terão o prazo de dois anos para apresentar resultados que envolvam respostas, como o entendimento da interação do vírus com as células nervosas, o acompanhamento clínico e a relação com a microcefalia", esclareceu Lima. "A ideia é de que essas redes interajam com outras, além das fronteiras estaduais e até das nacionais. Mobilizando recursos internacionais, como os vindos da União Europeia e dos Estados Unidos, que já mostraram interesse em um programa de desenvolvimento rápido em vacinas", ressaltou o diretor Científico da Fundação.

A rede de pesquisadores apoiada pela FAPERJ vai mobilizar profissionais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), além de instituições privadas, como a Universidade Severino Sombra (USS) e o Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino (Idor).

Coordenador de uma das redes de pesquisadores, Wilson Savino, do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), ressaltou que o edital terá força de mobilizar mais de mil pesquisadores em busca de soluções urgentes para as doenças. "Estamos diante de uma emergência sanitária de importância nacional. E daremos respostas através da ciência e da tecnologia. Somos quase 400 pesquisadores, além de estagiários e pesquisadores associados que gravitam ao redor dos coordenadores. Assim, chegaremos a um esforço de um milhar de especialistas", disse Savino.

Além do Rio de Janeiro, os pesquisadores contarão com o apoio intelectual de profissionais do Nordeste. Segundo o professor do Instituto de Biologia da UFRJ e coordenador de uma das redes, Amilcar Tanuri, em seu grupo de trabalho foram incluídos pesquisadores de Campina Grande e Recife, no Nordeste. "Já estamos coordenando algumas atividades conjuntas, para termos uma noção das lesões do zika vírus nos fetos", afirmou.

Apesar da dificuldades financeiras enfrentadas pelo estado do Rio de Janeiro, o presidente da FAPERJ ratificou o compromisso assumido com a comunidade científica de dar prioridade ao pagamento dos pesquisadores envolvidos no edital. "Ainda não temos o orçamento definido, mas posso garantir que os recursos previstos neste edital cabem no orçamento da Fundação e serão pagos. Esse é um programa prioritário e não vamos deixar faltar recursos ", afirmou Raupp, que espera que os organismos internacionais e o empresariado nacional também se mobilizem para o fomento de pesquisas que ajudem a combater as doenças.

"A FAPERJ tem condições de fazer parcerias em nível nacional e internacional e de conseguir recursos para aplicar no estado. Vamos, inclusive, assinar um acordo com a Comunidade Europeia ainda em fevereiro, por meio do programa Horizonte 20-20. Temos que buscar parcerias com os pesquisadores da União Europeia e abrir janelas para outras adesões", acrescentou Raupp.

Já o diretor Científico ressaltou que o comprometimento do governo do Estado em destinar 2% da receita líquida à FAPERJ, conforme previsto na Constituição estadual, tem garantido os recursos necessários à pesquisa. "Sabemos que o cobertor está curto. Faltam recursos para educação, saúde. Mas, se o orçamento for cortado para 1%, teremos retornos negativos no futuro, como o pagamento de royalties de vacinas que poderiam ser desenvolvidas pelos nossos centros de pesquisa. Esse é um diálogo difícil, mas que tem que ser feito entre sociedade, o legislativo e o executivo", afirmou Jerson Lima.

Sobre o edital

Lançado no dia 18 de dezembro de 2015, o Programa Pesquisa em Zika, Chikungunya e Dengue no Estado do Rio de Janeiro – 2015 recebeu 33 propostas e um comitê externo fez a avaliação do mérito e a recomendação para a constituição das redes. O Conselho Superior e a diretoria da FAPERJ decidiram lançar este edital com o objetivo de atuar emergencialmente na consolidação dos esforços que a Fundação já vêm fazendo, ao longo de quase uma década, para a criação de redes temáticas que atendam a questões de curto e médio prazos, especialmente no que tange à chegada do zika vírus e seus impactos à saúde em gestantes, como no caso do surto de microcefalia.

Especialmente com relação ao grave surto de microcefalia, a Fundação entende a urgência de se compreender os mecanismos pelos quais o zika vírus afeta o desenvolvimento do sistema nervoso de embriões e fetos. Também se faz necessário estudar outras afecções neurológicas em neonatos, crianças e adultos, como, por exemplo, a síndrome de Guillain-Barré.

Confira as seis redes contempladas no edital

Veja o conteúdo da segunda fase do Edital nº 18 – Etapa 2

Assessoria de Comunicação FAPERJ