
O estudo prevê ainda a possibilidade de descoberta de outras dimensões e esclarecimentos sobre as diferenças entre matéria e antimatéria, que juntas podem produzir grande energia.
“O objetivo básico com o LHC é conhecer mais profundamente a matéria, quais partículas a constitui. Visa comprovar ainda a existência da partícula de Higgs, que estava prevista teoricamente”, afirma o professor Augusto Santiago Cerqueira, da UFJF, um dos colaboradores da pesquisa internacional. Essa é a chamada “partícula de Deus”, que seria responsável por dotar a massa de toda matéria e traria respostas a dúvidas sobre a formação do universo. “Ela explicaria porque o nêutron tem massa diferente do elétron. E o que isso muda na vida? O poder de transformação do homem sobre a matéria aumenta, melhor se pode trabalhá-la. Um exemplo será com a energia nuclear.”
As partículas criadas nas colisões no acelerador são detectadas por quatro sistemas no LHC, entre eles o Atlas, com o qual a equipe de professores e alunos da UFJF colabora, sendo que o estudante de mestrado Bernardo Sotto Maior está no Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern), localizado na fronteira da Suíça com a França, onde fica o LHC. O Atlas, uma megaestrutura de cinco andares, disposta a mais de cem metros no subsolo, é constituído de um circuito eletrônico, mecânico e magnético responsável por fazer a leitura das colisões. O choque entre as partículas gera sinais elétricos captados por aparato ao redor do anel de colisão do LHC, de 8,6 quilômetros de diâmetro, os quais são convertidos em sinais digitais. “Cada colisão ocorre a cada 25 nanosegundos, gera uma quantidade de informação que é analisada pelos colaboradores do experimento.” O professor já teve acesso aos dados da colisão de terça-feira.
A proposta da pesquisa é aumentar o número de choques para 600 milhões por segundo. Esse índice será possível daqui a dois anos, quando a energia do equipamento for dobrada. A previsão para as partículas de Higgs aparecem é 2013, quando o LHC funcionar a toda carga. Já a existência de outra dimensão também deve ser atingida nos próximos anos. Alguns cientistas acreditam ainda que o LHC poderá provocar um buraco negro, que acabaria com a Terra. “Na Física, não se pode ter certeza sobre isso, mas é bem improvável que um buraco negro surja”, afirma Cerqueira.
Outros alunos já passaram pelo Centro, para auxiliar na instalação dos detectores e a projetar parte do sistema, relata Cerqueira, que fez doutorado entre 2000 e 2001 no Centro. O grupo faz parte do Laboratório de Processamento de Sinais em Telecomunicações, que conta com a participação também do recém-empossado professor Luciano Manhães, Carlos Augusto Duque e dos alunos de mestrado Fernando Miranda Xavier e de pós-doutorado Rafael Nóbrega. Eles integram uma rede brasileira de cooperação, formada pela Universidade de São Paulo (USP), Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e de outros mais 170 institutos em 37 países.
O LHC entrou em funcionamento em 10 de setembro de 2008. “Há muitas teorias a respeito de qual será o resultado dessas colisões, mas o que é certo é que um admirável mundo novo da física emergem do novo acelerador”, afirma o Centro Europeu de Pesquisas Nucleares em seu site oficial.
Outras informações: (32) 2102-3462 (Departamento de Engenharia Elétrica)
Assessoria de Comunicação UFJF