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Notícias do Campus
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Aluno do curso de Psicologia da Unoeste, Gustavo Carrara Silva, ao falar de intercâmbio feito na Universidade de Santiago de Compostela (USC), faz uma leitura interessante sobre relações e comportamento das pessoas diante de choques de culturas. Para ele, o ser humano se define e define o outro, parcialmente, por meio do contraste. Sendo assim, “durante o intercâmbio é fundamental suspender, ainda que não imediatamente abandonar, os nossos próprios pressupostos culturais, porque o choque do contraste deixa de ser traumatizante e passa a ser pedagógico”. 
Sobre essa relação cotidiana vivida no exterior, comenta: “Ao fim de cada dia, entretanto, competia sintetizar o que foi vivido, visto e ouvido; e é, então, que a mágica do intercâmbio acontece: você amplia sua consciência cultural, flexibiliza o repertório comportamental e, principalmente, entende a própria cultura. Pessoalmente, senti muita simpatia por Nelson Rodrigues e o complexo de vira-lata fica muito óbvio: o brasileiro tem tanto a ensinar quanto tem a aprender com os europeus”, diz o jovem de 27 anos que é formado em Letras.

Conforme ele, foi muito interessante "sentir" os diversos grupos que apareceram durante o intercâmbio. “Na maioria das vezes a língua era a cola do grupo: brasileiros tendem a ficar com os seus conterrâneos; mas não somos os únicos, mexicanos frequentemente permaneciam juntos e também os italianos. As outras nacionalidades se misturavam um pouco mais, por exemplo, um grupo poderia ter alemães, britânicos, poloneses, suecos e árabes, e essa galera toda conviver muito bem”, comenta sobre observação durante a estada na Espanha.

Carrara conta que procurou ao máximo transitar entre os grupos, sem que os seus relacionamentos fossem superficiais ou que tivesse uma postura "política". Com esse comportamento, entende que foi o que fez conseguir fazer amigos dos quatros cantos do mundo, com a pretensão futura de visitar alguns e recebê-los em Presidente Prudente. Também como fruto da observação, constatou como uma das coisas mais interessantes é as pessoas gostarem de falar e compartilhar sobre suas próprias culturas.

“Quer ser amigos de italianos? Aprenda a mexer as mãos enquanto fala Má io no sono ubriaco, io solo sono scemo! [Eu não estou bêbado, só sou um pouco idiota]. Logo alguns vão querer saber tudo sobre o Brasil e você tem amigos para tomar una caña [chopp], praticar o espanhol ou o italiano e aprender a fazer pasta! Quer conhecer um espanhol? Cante o jingle do Aquí no hay quien viva [Aqui não há quem viva], o equivalente ao Sai de Baixo da Espanha; e morra de rir quando um grupo de 30 espanhóis se juntarem a você”, exemplifica.

O intercâmbio foi pelo Santander Mundi, com bolsa de 4 mil euros que utilizou para custear a estadia e passagens de avião, já que não pagou nenhuma taxa à universidade de destino, por conta de convênio bilateral da Unoeste com a USC. Selecionado entre 367 candidatos, chegou à Europa dia 20 de janeiro deste ano e retornou ao Brasil dia 17 de julho. Suas aulas do intercâmbio terminaram dia 4 de junho, por ter sido aprovado nos primeiros exames. Fez as seguintes disciplinas: Psicologia da Personalidade; Neuropsicologia; Tratamentos Psicológicos II; e Psicologia do Pensamento.

O estudante teve tempo de conhecer cidades da Espanha, Portugal, Itália, Inglaterra, Holanda, França, Alemanha, Áustria, Eslováquia, Polônia e Hungria. Nas viagens e na universidade conheceu pessoas do mundo inteiro. Em Santiago de Compostela dividiu apartamento com dois italianos. A rotina foi bastante intensa, incluindo curso de espanhol; sessões de estudo à noite; passeios pelo centro histórico, tavernas e bares; eventos culturais; festas típicas; tandem (grupo de prática de língua); e festas nacionais organizadas por grupos de alunos em intercâmbios.

A vida de Carrara, que tem 27 anos, é marcada por superações. Começou aos 13 anos, quando conseguiu trabalhar em uma escola de línguas para estudar inglês. Com o tempo se tornou professor de língua inglesa, antes de completar 18 anos, tendo feito dois meses de intercâmbio em Burlington, no Canadá. Para estudar Letras foi outra luta. Para estudar Psicologia não tem sido diferente, incluindo a desistência do mestrado em educação na Unesp e mediante o empenho de lecionar nos colégios Delta e Êxito, ambos do sistema Anglo e respectivamente em Presidente Bernardes e Regente Feijó.

Ao confessar sua paixão por psicologia, conta que pretende trabalhar com neuropsicologia clínica, avaliação e reabilitação. “Sempre gostei da parte de neurociências e as interfaces com a mente e o comportamento. O período em que passei na Espanha me ajudou a confirmar essa decisão profissional”, afirma. No curso de Psicologia da Unoeste faz iniciação científica sobre personalidade, orientado pela Dra. Camélia Murgo. “Inclusive escolhi a disciplina de Psicologia de la Personalidad na USC por conta do interesse nesse assunto”, comenta.

O filho de Genival dos Santos Silva e Jandira Carrara Silva, que tem os irmãos Mariana Carrara Silva, atualmente no programa de au pair em Maryland (EUA), e Leonardo Carrara Silva, conta que a USC é referência na Espanha, especialmente na área de psicologia. Um dos motivos dos estudos serem puxados, com paradigmas teóricos e pressupostos científicos mais maduros que no Brasil, de tal maneira a refletir positivamente na sua formação. Carrara tem esperança de voltar à Espanha para fazer mestrado e, se conseguir, trabalhar lá.

“Representei bem a universidade e a mim mesmo como aluno e estudante. Por isso, creio ter as portas abertas na USC, caso decida fazer uma pós lá. Também busquei conhecer sobre os programas que a universidade oferece. Ademais, fiz uma rede de contato muito forte, conheci e mantenho contato com pessoas com ideias promissoras e objetivos sérios; inclusive brasileiro. Creio que isso vai ser fundamental para abrir portas no futuro”, estima Carrara que fez o intercâmbio com bolsa Santander Mundi, do programa de mobilidade internacional do banco Santander.