
O laboratório, coordenado pela professora Maria Beatriz Borba Florenzano, reúne técnicos e alunos de graduação e pós mobilizados em torno de um mesmo objetivo: produzir conhecimento sobre a sociedade antiga grega por meio da análise do espaço de suas cidades. Assim, são quatro os grupos de pesquisa, abordando os seguintes subtemas: o espaço religioso (santuários, templos e edifícios religiosos); os pontos de comunicação das cidades (portos e muralhas); teorias da cidade antiga; e o contato entre as cidades (limites e fronteiras).
Apesar das especificidades de cada projeto, os pesquisadores estão sempre em contato, com as reuniões de cada grupo e também uma reunião mensal entre todos os grupos. Somem-se a isso os eventos organizados pelo próprio Labeca – como o ciclo de palestras realizado durante todo este semestre e o simpósio que acontece em outubro – ou os externos, nos quais a participação de seus integrantes é intensa. Na última reunião bienal da Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos (SBEC), realizada em Natal (RN), por exemplo, 14 participantes do Labeca apresentaram trabalhos.
Mas a atuação do laboratório não se restringe ao meio acadêmico. Entre as principais metas traçadas desde sua criação, em 2006, está a de fazer o conhecimento levantado chegar até um público mais amplo. O banco de imagens do grupo disponibiliza na internet ou para consulta local quase 3.400 mapas, plantas, e fotografias retiradas pelos próprios pesquisadores in loco ou compiladas em bibliografia – parte dela incluindo obras raras. Tais imagens podem ser utilizadas por pesquisadores, mas também por professores de ensino médio e graduação que desejem levar aos seus alunos um material didático completo e atualizado sobre o tema. “Muitos livros escolares já estão defasados, trazendo informações sobre as cidades antigas levantadas lá no século XIX”, conta a professora Beatriz.
Com o mesmo propósito atua o Núcleo de Audiovisual do Labeca. Em 2007, uma viagem até a Sicília (Itália) realizada por integrantes do laboratório resultou em 17 horas de gravação, editadas e transformadas no documentário Siracusa – Cidade Antiga, que será lançado nesta quinta-feira (1º) no Cinema da USP Paulo Emílio (Cinusp). Siracusa foi, inclusive, selecionado para ser exibido no 20º Festival Internacional do Cinema Arqueológico, promovido na Itália pelo Museo Civico di Rovereto e que ocorrerá entre os dias 5 e 10 de outbro. O DVD do filme é acompanhado de um encarte e um livreto, que ajudam o professor a trabalhá-lo em sala de aula.
Por que a Grécia nos interessa tanto?
Beatriz explica que a Grécia foi “escolhida” pela Europa como berço da civilização do ocidente, devido às suas virtudes históricas. “A História, a democracia, as ciências naturais, enfim, várias das coisas que hoje conhecemos tiveram sua origem na Grécia Antiga. Além disso, diversos aspectos desta cultura e muitos de seus autores não se perderam, e foram continuamente recuperados, desde a Idade Média. Então a Grécia foi sempre usada e reusada na criação do mundo ocidental”.
Na opinião da professora, não se deve idealizar os gregos como “superiores” em relação a outras civilizações antigas. “Eles são um povo como vários outros que existiram. No entanto, nosso mundo ocidental é informado pela Grécia em grande medida”, conclui.
Além das pesquisas – que resultam em artigos, dissertações e teses –, do banco de imagens, e do material audiovisual, foi montada uma biblioteca com fontes para estudos, e que pode ser acessada por pesquisadores externos, mediante solicitação.
O Labeca foi criado a partir de um Projeto Temático financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), contando com recursos desta e também do próprio MAE. O momento atual é de finalização desta etapa e desenvolvimento de um novo projeto para ser apresentado à agência de fomento. Há perspectiva, no futuro, de expansão dos estudos do laboratório para outros objetos dentro do tema cidade antiga, como a cidade romana e a medieval.
Assessoria de Imprensa da USP