A Coleção de Obras Raras guarda cerca de 12 mil unidades, que vão de clássicos autografados da literatura nacional à manuscritos medievais.
São consideradas raras peças que tenham sido escritas até 1900, edições limitadas de livros, obras que contenham dedicatórias de pessoas consagradas e títulos que tenham sido censurados ou repudiadas pelo autor. Na Biblioteca da UnB, o setor é dividido entre as seções de periódicos, livros e manuscritos.
Os periódicos são revistas e jornais antigos, onde se destaca uma coleção do Correio Braziliense com os exemplares de 1808 a 1816. O responsável pelo setor, Raphael Greenhalgen, explica que quando veio de mudança para o Brasil, Dom João VI proibiu todas as publicações nacionais, ficando a imprensa restrita ao jornal da Corte Real. “O Correio Braziliense era impresso em Londres e exportado ilegalmente para o Brasil. Quem comprou o jornal manteve a grafia com 'z' para preservar a história”, conta.
Os livros constituem a maior parte da seção de obras raras. Há uma coleção completa da obra de Luís de Camões, com exemplares de cada uma das edições de seus títulos. As prateleiras também guardam títulos raros sobre Direito e Medicina, com obras de Hipocrates, o pai da Medicina.
Roberto Fleury/UnB Agência

A literatura brasileira está bem representada, com exemplares de Memórias Póstumas de Brás Cubas e Menino de Engenho, com gravuras feitas a mão por Candido Portinari. Outra preciosidade é A morte e a morte de Quincas Berro Dagua, de Monteiro Lobato, ilustrado por Di Cavalcanti. Esses livros integram a Coleção dos 100 Bibliófilos do Brasil, uma sociedade fundada em 1943, que lançou 23 títulos em uma edição especial. A tiragem era limitada a 119 exemplares, um para cada membro da sociedade.
O livro mais antigo da seção é chamado Epistolarum e foi escrito em 1455 por Plínio II. A Biblioteca possui, ainda, uma cópia original do primeiro livro impresso do mundo, do monge budista Paeg'un.
MANUSCRITOS - A Coleção de Obras Raras inclui três manuscritos medievais, datados do século XIV. O Livro das Aves, a maior preciosidade, foi escrito por volta de 1300, em papiro de couro de boi. Existem mais duas edições desta obra no mundo, mas a Biblioteca da UnB possui a única em português. O livro contém iluminuras, ilustrações feitas a mão, uma raridade à época. Foram assim chamadas, pois acreditava-se que iluminavam a mente dos analfabetos.

CUIDADOS
A sala onde as obras ficam guardadas tem controle de temperatura e umidade. Além disso, o Centro de Documentação da UnB (Cedoc) realiza trabalho gradual de restauração. Alguns livros estão sendo embalados em papel especial que utiliza um composto vegetal sem acidez chamado lignina. “Papel é matéria orgânica, a decomposição é inevitável. O que podemos fazer é tentar frear o processo”, explica Raphael Greenhalgen.
No dia-a-dia, outras medidas são tomadas para preservar as obras, como mantê-las longe do alcance da luz. A Coleção de Obras Raras é aberta a toda comunidade, mas não é permitida a retirada de nenhum exemplar. As observações tem de se feitas na própria Biblioteca e seguem algumas regras, como o uso de luvas e máscaras e o cuidado no manuseio.
SERVIÇO
A Coleção de Obras Raras fica aberta de 2º a 6 º das 8h às 18h. Telefone: 33072414 ou pelo email do responsável Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
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