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ImigraçãoA Edusp e a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) lançam nesta terça-feira (10/05), a partir das 18h30, na Livraria Cultura, em São Paulo, o livro História do trabalho e Histórias da imigração: trabalhadores italianos e sindicatos no Brasil (séculos XIX e XX), organizado pelos professores Federico Croci, Emilio Franzina e Maria Luiza Tucci Carneiro. A obra apresenta o capítulo “Vida e Morte dos Operários de Schio em São Paulo: uma leitura dos registros obituários do Cemitério do Brás, de 1893 a 1895”, de Antonio Folquito Verona, professor de Língua Italiana na Faculdade de Ciências e Letras (FCL) da Unesp, Câmpus de Assis.
Verona conta como, de 1855 a 1890, o Bairro do Brás foi palco de radical transformação em sua conformação urbana. Saltou dos 974 habitantes para 16.807, no final do período. Em 35 anos, deu-se um aumento populacional equivalente a 1.625%. A incorporação abrupta desses novos moradores fez o Brás, no final do século XIX, atingir sozinho mais de um quarto (25,9%) da população paulistana.

“A imensa maioria dos novos residentes era de imigrantes. É de se imaginar o que esse incremento causou nas já precárias condições de vida de seus antigos habitantes, visto que aquela área da, então, acanhada cidade de São Paulo não possuía o mínimo de infra-estrutura suficiente para abrigar de forma decente todo esse extraordinário contingente”, afirma o estudioso.

Segundo o pesquisador, três elementos parecem ter contribuído significativamente para a ocorrência desse “boom”: a construção de um importante entroncamento ferroviário; da instalação de unidades fabris na zona da chamada “várzea”; e uma expressiva concentração e disponibilidade de mão de obra. Em 1865, fora inaugurada no Brás a estação ferroviária da então “São Paulo Railway Company” (S.P.R.), a conhecida “Santos-Jundiaí” e, na década seguinte, em 1877, foi a vez de uma segunda gare, esta pertencente à Estrada de Ferro do Norte (depois Central do Brasil), que ligou a cidade de São Paulo ao Rio de Janeiro.

Famílias inteiras

Foi exatamente nesse contexto de expansão econômica e demográfica daquele bairro que ocorreu, entre 1891 e 1895, a chegada dos imigrantes da cidade industrial de Schio (Itália). Para o professor da FCL, é possível saber com precisão que componentes, ou até mesmo grupos inteiros de famílias, como os Berton, Boniver, Casara, Corà, Frizzo, Luccarda, Martinuzzi, Marzotto, Poli, Scaramuzza, Tovaglia, Vicentin, Viero, Zambelli e Zanella, permaneceram por algum tempo ou se fixaram demoradamente no Brás de então.

“Predominava um ambiente insalubre e infeccioso, no qual crianças, menores e velhos tornavam-se presas fáceis. A persistência dessas condições de miséria geraria doenças, que, por sua vez levariam a uma verdadeira mortandade. Para os dirigentes do estado e do capital da época, porém, à força de trabalho estrangeira trazida em abundância, cabia apenas a geração exclusiva de seus vultosos lucros”, conclui Verona.

Serão lançados ainda, nesse mesmo espaço e no mesmo horário, In difesa della razza - Os judeus italianos refugiados do fascismo e o antissemitismo do governo Vargas, de 1938-1945, de Anna Rosa Campagnano; e Laços de sangue - Privilégios e intolerância à imigração portuguesa no Brasil, de José Sacchetta Ramos Mendes, também numa parceria entre a Edusp e a Fapesp.

Data: 10/05 (terça-feira)

Local: Livraria Cultura do Conjunto Nacional, Loja de Artes- Avenida Paulista, 2073 - São Paulo 

Horário: das 18h30 às 21h00.

Unesp Assessoria de Comunicação e Imprensa