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asteroideUma nova família no cinturão de asteroides na ressonância secular v6 foi descoberta pelo físico e doutor em astronomia Valério Carruba, professor do Departamento de Matemática da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Os asteroides nessa configuração fazem movimentos ressonantes aos de Saturno. Isso significa que a frequência de precessão g – ou seja, a frequência associada com o período de revolução do pericentro – dos asteroides é igual à frequência de precessão do pericentro do planeta g6. Esse fenômeno é chamado de ressonância secular linear.
“É a primeira vez que registramos no Sistema Solar a ocorrência de uma família de asteroides em suas configurações originais dentro de uma ilha de estabilidade nesse tipo de ressonância. Por ser linear, a v6 é muito eficaz em aumentar a excentricidade dos asteroides, fazendo dela uma das mais desestabilizadoras ressonâncias do Sistema Solar”, disse Carruba à Agência FAPESP.

Ao todo, são 110 corpos celestes na ilha de estabilidade, sendo 90 deles integrantes da família chamada Tina, que se formou há milhões de anos a partir do choque entre asteroides e permanece incólume em meio à agitação celestial da ν6 .

De acordo com Carruba, essa característica singular de Tina evita a saída de seus membros rumo ao Sol ou para fora do cinturão. A união nessa espécie de bolha protetora se deve aos valores limitados da excentricidade – a medida do achatamento da órbita elíptica dos asteroides – atingidos pelos asteroides nessa configuração.

“Para manter o equilíbrio nesse caso, o valor precisa estar entre zero e 0,4. Valores maiores provocam encontros próximos de asteroides com planetas terrestres e podem causar a perda do objeto”, explicou.

Em artigo publicado em janeiro no Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, Carruba e Alessandro Morbidelli, da Universidade de Nice, na França, descrevem também outra novidade.

Os cientistas obtiveram uma estimativa da idade da família e descobriram que o choque que deu origem a ela teria ocorrido há 170 milhões de anos.

Segundo o professor de Unesp, os asteroides no horizonte de v6 são muito instáveis por estarem perdidos em uma escala de tempo relativamente muito curta, de cerca de 2 milhões a 10 milhões de anos.

“Tina faz parte de uma nova classe de asteroides. A comunidade científica, no entanto, já conhecia as ressonâncias de 2:1e 3:2 de movimento médio com Júpiter. Ambas possuem ilhas de estabilidade e uma população de objetos nessas regiões. Porém, esta é a primeira vez que se encontra uma família de asteroide em uma ilha de estabilidade de uma ressonância secular linear”, disse.

O artigo On the first ν6 anti-aligned librating asteroid family of Tina (doi:10.1111/j.1365-2966.2010.18083.x), de Valério Carruba e Alessandro Morbidelli, poderá ser lido no Monthly Notices of the Royal Astronomical Society em onlinelibrary.wiley.com.

Agência FAPESP