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Universidade Federal de Minas GeraisUniversidade Federal de Minas Gerais - Um grande incentivo a carreiras individuais, mas, sobretudo uma homenagem ao esforço de equipes na realização de trabalhos complexos. Essa é a visão comum entre os quatro pesquisadores indicados ao Prêmio Fundep, ao serem convidados a falar sobre a distinção recebida.
Para o professor Virgílio Almeida, um dos agraciados, a iniciativa possui ademais importante significado simbólico no Brasil, onde não há muita clareza sobre o papel da pesquisa. “Prêmios como esse contribuem para aumentar a percepção pública da importância da ciência e dos pesquisadores, que realizam um trabalho de qualidade e que formam gerações de novos profissionais”, observa. Leia, a seguir, trechos de depoimentos concedidos ao Boletim e ao site da UFMG, pelos quatro pesquisadores (que receberão o Prêmio Fundep logo mais, às 18h, em solenidade realizada no auditório da Reitoria):

Wander Melo Miranda

O que representa esse prêmio em sua trajetória acadêmica?
Acho que, primeiro, é o reconhecimento de um trabalho não só individual, meu, mas de um grupo de pesquisadores da Faculdade de Letras que há mais de 20 anos vêm desenvolvendo projetos conjuntos. São o projeto Acervo de Escritores Mineiros, que começou em 1991 e continua ainda hoje, e o projeto Modernidades Tardias no Brasil, que foi desenvolvido durante três anos, nos anos 90, com o financiamento da Fundação Rockfeller. Esse projeto se desdobrou, posteriormente, em Margens e Resíduos Culturais, que foi apoiado pela Capes e pela Secretaria de Ciência e Tecnologia da Argentina. Ele gerou ainda a revista Margem/Márgenes –, que se desenvolveu a partir sobretudo da união de um conjunto de pesquisadores em torno desse tema. Foram eles que possibilitaram avanço expressivo da pesquisa na área de Letras. Fui coordenador desse projeto. Enfim, compartilho esse prêmio com todos os meus colegas, docentes e também bolsistas de iniciação científica, de mestrado e doutorado, que participaram direta ou indiretamente desses projetos – e, em especial aos meus orientandos de iniciação científica, de mestrado e de doutorado.

O senhor não está sendo modesto?
Não. Eu não acredito muito em pesquisa individual. Acho que toda pesquisa, especialmente na universidade pública, é sempre pesquisa em equipe, pesquisa coletiva. Isso é o que gratifica e torna para mim mais honroso o prêmio: poder compartilhar esse reconhecimento com essas pessoas, que trabalham juntas, os colegas de pesquisa, sejam eles docentes ou discentes.

Virgínia Ciminelli

Qual o significado do Prêmio Fundep para a senhora?
Indica o reconhecimento de um trabalho que não é apenas meu, mas de todo um grupo de alunos e de colaboradores, com quem compartilho esta grande distinção. Significa também a manifestação de que o nosso esforço coletivo, o cuidado com o detalhe, a busca intransigente da superação fez diferença. 

Qual projeto elegeria como sua principal contribuição científica? 
Eu destacaria o conjunto de trabalhos visando à seleção e ao desenvolvimento de materiais para a especiação e para a remoção de elementos-traço em sistemas aquosos complexos, multicomponentes. Tomando a contaminação por arsênio como um exemplo de relevância mundial, nosso grupo tem contribuído para o estabelecimento da estrutura em nível molecular da interação do arsênio inorgânico em diversos substratos: minerais, solos, resíduos industriais, materiais híbridos nanoestruturados, resinas poliméricas e biossorventes. Os resultados alcançados têm impacto no entendimento da mobilidade deste elemento em regiões mineradoras e no desenvolvimento de materiais e de processos visando à sua detecção e à remediação.

Do ponto de vista conceitual, eu ressaltaria uma abordagem original daquela adotada então nacional e internacionalmente para o manejo da água nas atividades de mineração, e que antecipou uma tendência mundial, ainda hoje não utilizada em toda a sua potencialidade. Nesta abordagem a água não é apenas o insumo do processo extrativo (hidro)metalúrgico, mas um produto de alto valor e o fio condutor para a inovação e a transformação das relações da empresa com a sociedade. Esta visão exige uma abordagem sistêmica, transdisciplinar, contemporânea, que delineia o perfil de um novo profissional: formação científica sólida aliada à visão abrangente para atender à sustentabilidade econômica, ambiental e social do negócio mineral.

Finalmente eu gostaria de enfatizar o trabalho do grupo na formação multidisciplinar e na capacitação de pesquisadores para inserção internacional.

Ricardo Santiago Gómez

Qual o significado do prêmio em seu trabalho?
O Prêmio Fundep é o mais importante instrumento de reconhecimento à pesquisa da UFMG e tive imensa felicidade em recebê-lo. Este prêmio é um grande estímulo para que novos valores humanos façam parte das atividades de pesquisa desta universidade. Hoje, o pesquisador dentro da Odontologia torna-se obrigado a transitar em áreas bem diversas do conhecimento humano. O meu trabalho aborda basicamente aspectos moleculares relacionados ao desenvolvimento de doenças neoplásicas e inflamatórias da boca. Nos últimos anos, nosso grupo de pesquisa contribuiu significativamente para a compreensão dos mecanismos envolvidos na formação de diversos tumores bucais. Sempre busquei fazer ciência junto com todas as demais atividades de extensão, ensino e pós-graduação, que integro. Participando da orientação de quase 50 alunos de mestrado e doutorado e dezenas de alunos de iniciação científica, acho que este prêmio se estende a todo este universo humano que ajudou a construir um saber e que será responsável por ações futuras muito mais transformadoras.

Virgílio Almeida

Como avalia sua indicação ao Prêmio?
O prêmio carrega em si um reconhecimento da obra acadêmica dos premiados por parte da UFMG (por meio das varias instâncias envolvidas no processo) e por parte da comunidade científica nacional, através dos membros externos que fazem parte de seu processo de seleção. Pessoalmente, receber o prêmio é uma grande satisfação para mim e também um forte estímulo para continuar buscando a excelência na vida acadêmica, através de pesquisas avançadas, aulas para graduação e pós e na orientação de alunos, desde a iniciação científica ate o pós-doutorado.

O prêmio dá também uma grande visibilidade ao trabalho e à vida acadêmica, servindo de estímulo a novas gerações que buscam essa modalidade, trabalho que envolve muita dedicação, muitas noites estudando ou trabalhando nos laboratórios, fins de semana escrevendo livros e artigos. É uma atividade que requer dedicação total. Como a ciência tem padrões internacionais para seu reconhecimento, a atividade de pesquisa avançada e a formação de novos investigadores requerem que o pesquisador esteja envolvido com a comunidade internacional, publicando artigos de qualidade e colaborando com pesquisadores dos EUA, Europa e Ásia. Sempre trabalhei com pesquisadores do exterior, tendo escrito quatro livros publicados nos EUA sobre nossos trabalhos na área de modelagem de desempenho de sistemas de computação. São livros adotados em várias universidades do mundo inteiro e usados pelas grandes empresas de tecnologia dos EUA, Europa e também Brasil.

A iniciativa da UFMG e Fundep é muito importante, pois reconhece e valoriza o trabalho científico, acadêmico, que requer anos de formação e dedicação. Nos países desenvolvidos o valor do pesquisador para a nação e para a sociedade é amplamente reconhecido. Às vezes, isso não é tão claro no Brasil. Assim, prêmios como o da Fundep certamente contribuem para aumentar a percepção pública da importância da ciência e dos pesquisadores que desenvolvem pesquisa de qualidade e formam geraçõoes de profissionais qualificados.

Assessoria de Imprensa da UFMG