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plinio de arrudaO ex-deputado Plínio Soares de Arruda Sampaio, morto aos 83 anos em decorrência de um câncer, foi enterrado no dia 9 de julho, exatos 55 anos depois de o então governador Carvalho Pinto ter enviado à aprovação da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo a Lei 5.444 que consubstanciava seu Plano de Ação do Governo (PAGE) e sua visão de Estado.
O PAGE, que previa a constituição de uma fundação para administrar recursos orçamentários destinados à “investigação técnica e científica”, previstos no artigo 123 da Constituição Paulista, tinha uma forte impressão digital de Arruda Sampaio.

Promotor público formado cinco anos antes pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) e ex-presidente da Juventude Universitária Católica, ele ocupava o cargo de subchefe da Casa Civil de Carvalho Pinto e foi indicado coordenador da equipe responsável pela elaboração do conjunto de documentos que compunham o plano.

O grupo era integrado por Diogo Adolpho Nunes de Gaspar, secretário executivo; Celeste Ângela de Souza Andrade, diretora geral do Departamento de Estatística do Estado; Paulo Menezes Mendes da Rocha e Ruy Aguiar da Silva Leme, da Escola Politécnica da USP; Antonio Delfim Neto, da Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas da USP; Sebastião Advíncula da Cunha, do Departamento Econômico do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE); Orestes Gonçalves, chefe de gabinete de Estudos Econômicos e Financeiros da Secretaria da Fazenda; e Ruy Miller Paiva, do Departamento de Produção Vegetal da Secretaria da Agricultura.

O PAGE foi concebido na perspectiva dos desafios da nova década, “caracterizada pela definitiva transposição da barreira do subdesenvolvimento” e da responsabilidade do governo estadual de “criar condições que facilitem essa evolução”, afirma o documento publicado na íntegra pela Imprensa Oficial do Estado em 1959.

O Plano é um documento de um governo que enxergava o planejamento como instrumento estratégico para o desenvolvimento. Previa investimentos em infraestrutura (energia, ferrovias, rodovias etc.), na expansão agrícola e industrial (armazenamento, silagem, criação de fundos para a expansão das indústrias de base e de bens de produção etc.) e na melhoria das condições do homem, mais precisamente, na educação, cultura, pesquisa; justiça e segurança pública; saúde pública e assistência social; e sistemas de água e esgoto.

Entre os nove pontos previstos no capítulo sobre os investimentos em educação, cultura e pesquisa, estava a constituição de uma fundação de amparo à pesquisa científica e tecnológica, prevista na Constituição Paulista desde 1947, à qual seria repassada, anualmente, quantia não inferior a meio por cento do total da receita ordinária do Estado.

O PAGE virou lei no dia 17 de novembro de 1959 e, onze meses depois, em 18 de outubro de 1960, o governador Carvalho Pinto sancionou a lei 5.1918 que criou a FAPESP.

Arruda Sampaio elegeu-se deputado federal pelo Partido Democrata Cristão (PDC) em 1962. Defensor aguerrido das reformas de base no governo João Goulart, em 1964 exilou-se no Chile por seis anos e, posteriormente, nos Estados Unidos, onde se formou em economia agrícola.

Voltou ao Brasil em 1976, filiou-se ao MDB, deu aulas da Fundação Getúlio Vargas, fundou o Centro de Estudos de Cultura Contemporânea e participou da campanha pela redemocratização.

Deixou o MDB em 1978 e participou da fundação do PT, partido que representou na Câmara dos Deputados e na Constituinte e do qual se desfiliou em 2005. “Não fui eu que saí do PT, foi o PT que saiu de mim”, justificou, na época. Em 2010 candidatou-se à Presidência da República pelo PSOL, ficando em 4º lugar no pleito que elegeu a presidente Dilma Rousseff.

Agência FAPESP