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UnicampLuciane Beduschi, ex-aluna de graduação do Instituto de Artes (IA) da Unicamp, foi contemplada com o prêmio Richelieu da Universidade de Paris-Sorbonne pela tese de doutorado “Sigismund Neukomm: sua vida, sua obra e seus cânones enigmáticos”, defendida em julho naquela instituição. “Luciane iniciou o trabalho em nível de mestrado, mas a relevância da pesquisa fez com que valesse como doutorado”, explica a professora Helena Jank, do IA, que foi convidada a integrar a banca julgadora.
Segundo a docente, já havia certa expectativa pela premiação devido à avaliação muito boa do júri. “A defesa foi ótima, com Luciane mostrando total domínio do tema. A Sorbonne concede o prêmio Richelieu apenas a dez ou doze melhores teses defendidas por ano na universidade, que possui muitos departamentos. É uma grande conquista e uma honra para o Instituto de Artes, especialmente para o Departamento de Música. Também fiquei honrada em participar da banca”. 

O compositor e pianista Sigismund Neukomm nasceu na cidade austríaca de Salzburgo em 1788, morrendo na capital francesa em 1858. Passou a maior parte da vida em Paris, mas fez muitas viagens, incluindo uma estadia de cinco anos no Rio de Janeiro, de 1816 e 1821, junto à corte de D. João VI. Veio a convite do Duque de Luxemburgo, que foi enviado como embaixador extraordinário quando do restabelecimento das relações diplomáticas entre Brasil e França após as guerras napoleônicas. 

Neukomm, sempre curioso por conhecer países exóticos e terras estranhas, foi convencido a permanecer no país pelo Conde da Barca, ministro do Reino, que queria garantir a presença de um músico dinâmico e absolutamente moderno, o que favoreceria o ambiente musical da corte. O compositor, portanto, não fez parte da missão francesa contratada por D. João VI, mas pôde conviver com aqueles artistas e intelectuais que trouxeram um acervo e um impulso cultural bastante importante.

Helena Jank afirma que o estudo de Luciane Beduschi começa com a produção de Neukomm no período brasileiro. “Depois o trabalho foi se ampliando, com a elaboração de um catálogo com as mais de duas mil obras do compositor. A tese é de valor inestimável para parte dos nossos pesquisadores que começa a se concentrar no acervo musical do início do século 19. É um repertório pouco conhecido e até desprezado, pois sempre tivemos um olhar muito voltado para a Europa central, sem considerar os valores que vieram com os portugueses”.

Na opinião da professora da Unicamp, outro aspecto interessante da tese está no foco dado aos cânones –  forma polifônica em que as vozes imitam a linha melódica cantada por uma primeira voz, entrando uma após a outra. “São peças de natureza imitativa, com um enigma na construção das partituras que precisamos descobrir, como num quebra-cabeça musical. Luciane faz uma análise dos cânones enigmáticos de Neukomm e propõe algumas conclusões. Foi algo original, pois cada pessoa faz interpretações diferentes e os membros da banca puderam confrontar as suas com as dela”.

Luciane Beduschi foi convidada a permanecer na Universidade de Paris-Sorbonne com uma bolsa de pós-doutorado, com prazo inicial de um ano que pode ser prorrogado para dois anos. Só depois ela decidirá por sua volta ao Brasil, caso surja uma oportunidade interessante, ou pela permanência em Paris, onde também possui boas perspectivas.  
 
Comunicação Social
Unicamp