Imprimir
Ciência e Tecnologia
Submit to FacebookSubmit to Google PlusSubmit to TwitterSubmit to LinkedIn
As interações do parasita Trypanosoma cruzi, causador da doença de Chagas, com células de mamíferos foram o tema da apresentação de Walter Coli, professor de Bioquímica da Universidade de São Paulo. O trabalho do pesquisador está concentrado nas células da membrana do agente e procura identificar moléculas capazes de promover a relação entre parasita e hospedeiro. O painel ocorreu durante a FAPESP Week, simpósio encerrado na quarta-feira (26/10), em Washington, Estados Unidos.
O projeto avançou no entendimento sobre a superfície das células do parasita, que é revestida por glicoproteínas responsáveis pela ligação do Trypanosoma às células do sangue. O desafio agora é entender como o parasita entra e sobrevive nas hemácias do hospedeiro. A glicoproteína fica “ancorada” na superfície do parasita e tem pouco tempo para aderir às células do sangue, pois vive por cerca de 3 horas e meia. Uma sequência de genes, denominada Fly, contribui para a produção da glicoproteína que promove a aderência. O próximo passo é identificar uma forma de inativar a sequência Fly para evitar que o parasita entre na célula humana do sangue.

Wondwossen Gebreyes, da Ohio State University, apresentou uma iniciativa que busca integrar segurança alimentar, zoonoses veterinárias de interesse para a saúde pública e biotecnologia ao estudo de doenças de animais transmissíveis para os humanos. O modelo, batizado de One Health, utiliza as zoonoses porque elas representam 75% das infecções emergentes.

A ideia é propor ações de prevenção e controle de infecções, desenvolvidas por meio de parceria com instituições de diferentes países. Entre elas estão a Universidade Federal do Rio Grande do Sul e instituições de pesquisa de países do leste da África e Tailândia. O objetivo é formar pesquisadores, transferir tecnologias, desenvolver pesquisa inovativa voltada para necessidades locais e compartilhar conhecimento para expandir sua capacidade e para modificar comportamentos nos países envolvidos.

Um dos projetos da iniciativa monitora a qualidade do leite de cabra e vaca no semiárido do Brasil, pois o leite é um excelente meio de crescimento de patógenos causadores da brucelose, tuberculose, salmonelose e outras infecções. No Brasil, 93% das cabras do Brasil estão no Nordeste e 67% de toda a produção de leite está na região.

O pesquisador Daniel Janies, do Centro de Medicina da Ohio State University, desenvolveu uma aplicação na internet para desenvolver meios, analisar e compartilhar diversos tipos de dados sobre patógenos, utilizando a ocorrência de casos sobre mapas, em 3D. O projeto faz o sequenciamento de genes dos agentes da doença e representa no mapa do mundo o local de ocorrência e a origem de cada uma delas.

A sessão sobre doenças infecciosas globais também teve apresentações das pesquisadoras Jane Buikstra, professora de bioarqueologia e diretora do Centro de Pesquisa em Bioarqueologia na Universidade Estadual do Arizona, e de Vera Calich, do departamento de Imunologia da Universidade de São Paulo. Buiskstra analisou a tuberculose em perspectiva profunda de tempo e Calich relatou o papel regulatório de células T, Th17 e TLR na imunidade a infecções pelo fungo Paracoccidioides brasiliensis, agente da paracoccidioidomicose (PCM), considerada endêmica na América Latina.

Agência FAPESP