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Antártica
O maior episódio de extinção em massa na história da Terra, ocorrido há cerca de 252 milhões de anos no fim do período Permiano, pode ter sido causado pelo aquecimento global. E uma espécie fossilizada descoberta em nova pesquisa sugere que alguns animais terrestres podem ter sobrevivido à extinção por terem se refugiado em locais mais frios, como a Antártica.

Denominada Kombuisia antarctica, a espécie foi identificada por Jörg Fröbisch e Kenneth Angielczyk, do Museu Field, em Chicago, e Christian Sidor, da Universidade de Washington. A descoberta foi publicada nesta quinta-feira (3/12) na revista Naturwissenschaften.

A espécie pertence a um grande e extinto grupo de parentes distantes dos mamíferos, chamados anomodontes, que eram os herbívoros mais frequentes e dominantes no período.

“Havia membros desse grupo que cavavam a terra, andavam na superfície e viviam nas árvores. Entretanto, a Kombuisia antarctica, que tinha o tamanho de um gato doméstico atual, era consideravelmente diferente dos mamíferos atuais. Ela colocava ovos, não cuidava das crias pequenas e não tinha pelo. Talvez nem mesmo tivesse sangue quente”, disse Angielczyk.

A espécie não era ancestral direto dos mamíferos atuais, mas estava entre as poucas linhagens de animais que sobreviveram em um momento em que a maior parte das formas de vida simplesmente desapareceu.

Os cientistas ainda debatem o que teria causado a extinção do fim do Permiano. Mas estima-se que o fenômeno tenha sido associado com uma atividade vulcânica de grandes proporções na atual Sibéria que pode ter provocado o aquecimento global.

Quando a Antártica serviu de refúgio naquele momento de temperaturas que se elevavam, o continente estava ao norte de sua localização atual, era mais quente e não estava coberto permanentemente com um manto de gelo.

O refúgio da Kombuisia antarctica na Antártica, segundo os autores do estudo, provavelmente não foi resultado de uma migração sazonal mas de uma alteração que levou o hábitat do animal mais para o sul do planeta.

Evidências fósseis sugerem que animais de pequeno e médio porte foram mais bem-sucedidos na hora de escapar de uma extinção em massa do que os animais maiores. O motivo é que os menores podem ter adotado comportamentos como hibernação, torpor e encontrar abrigo sob a superfície.

“A nova descoberta preenche uma lacuna no registro fóssil e contribui para um melhor entendimento da sobrevivência dos vertebrados durante a extinção em massa do fim do Permiano tanto do ponto de vista geológico como ecológico”, disse Fröbisch.

Os pesquisadores encontraram os fósseis da nova espécie entre exemplares coletados há mais de três décadas na Antártica e que fazem parte de uma coleção do Museu Americano de História Natural, em Nova York.

“Na época em que esses fósseis foram coletados, paleontólogos trabalhando na Antártica procuravam evidências da existência do supercontinente Pangeia, que depois se dividiu em massas terrestres distintas”, disse Angielczyk.

Segundo ele, os fósseis encontrados forneceram algumas das primeiras evidências da existência de Pangeia e a continuação de sua análise poderá ampliar o conhecimento humano a respeito de eventos que ocorreram há 250 milhões de anos.

O artigo pode ser lido por assinantes da Naturwissenschaften em www.springerlink.com/ content/100479
 
Agência FAPESP